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ESPELHO DA ALMA*LINGUAGEM DA LUZ

sexta-feira, 8 de abril de 2011

AS MULHEREA AGUENTAM A METADE DO CÉU

(provérbio chinês) AS MULHERES AGUENTAM A METADE DO CÉU!










Mulheres no Mundo, quantas…









Mulheres que não ousaram nunca, que não ousam ainda dizer… que não falam, que não têm voz ou falam por falar…como as galinhas, dizem os homens…e que não sabem nada de si, que não têm identidade, outras nem cédula de nascimento…





Quantas?





Mulheres que mal ousam segredar na noite a sua vontade e o confuso desejo de prazer… mulheres que são levadas ao paroxismo da solidão da dor e que só lhes resta estrebuchar em histerismo, em neurose...a tomar comprimidos pílulas e doses cavalares de calmantes e de analgésicos…





Vozes de mulheres silenciadas, no mundo, quantas?





Todas as mulheres caladas por força das circunstâncias de serem apenas mulheres, caladas pelo abuso, caladas na afronta e na desonra…caladas pelos pais, mães, vizinhos, tios e padres, caladas por vergonha, por leis e credos…









Quantas mulheres caladas que não puderam dizer nada do que sentiam nem o que pensavam: uma vida inteira a calaram no mais fundo delas mesmas a dor a pena e a revolta…e esqueceram e serviram maridos filhos e morreram sem nada sozinhas, abandonadas pelo amante ou pelos filhos... a quem tudo de si deram…





Penso na minha mãe e nas minhas avós e nas avós das minhas avós…há um século, cem anos, cinquenta e ainda hoje?





Quantas mulheres caladas ainda e oprimidas pela ordem de valores…caladas, sufocadas, oprimidas, entregues à casa, ao lazer, à canasta ou aos afazeres, donas de casa com dono, criadas com patrão, empregadas com chefe… obrigadas a cumprir o prazer do contracto nupcial, o horário de trabalho ou a paga pelos serviços prestados à força…voluntárias da desgraça e da miséria não só do corpo como da mente









Ah! Quantas Rainhas e aristocráticas...mulheres sós forçadas a vender o corpo para para terem um reino ou quantas desgraçadas só para terem de comer... quando não violadas, a serem violentadas no corpo e na sua alma, na corte, no casebre, todos os dias ou em cada esquina…





...mulheres esfaqueadas ou mortas de pancada e a tiro…





Quantas?





Mulheres esquecidas da sociedade e dos governos…mães silenciosas que nada pedem, mulheres deformadas pela miséria, pelos maus tratos da violência física e psicológica, inferiorizadas, desprezadas pelas outras… Mulheres pobres ou com subsídio mínimo não garantido…





Mulheres sós que morrem sós em casa quando têm casa…





Mulheres sós com filhos…viúvas do infortúnio…





Mulheres que sofrem horrores no mundo…









Quantas…





"METADO DO CÉU"





***





rosa leonor pedro

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