Segunda-feira, Agosto 22, 2011
DONA DOIDA...
Estou no começo do meu desespero
E só vejo duas saídas:
Ou viro Doida ou viro Santa
Como abrir a janela se não for Doida?
Como fechá-la se não for Santa ?
(Dona Doida, Adélia Prado )
A mulher encontra-se constantemente face a este dilema: abrir a janela à sua natureza mais profunda, instintiva , sensual , a doida, ou então; fecha-la, e corresponder a ao modelo da mulher bem comportada, a santa, a inocente, a que ama de um amor dedicado e generoso, a mãe.
Viver estes dois aspectos do “ser mulher” em simultâneo, remete para um exercício de contorcionismo que só muitos anos de vincada paciência e muitos conflitos (internos e externos) podem leva-la a ver as rugas deixadas por estes estereótipos e conduzi-la à mulher consciente da sua natureza unificada.
Enquanto a mulher não tiver libertado estes dois aspectos do seu ser não se sente inteira e transfere para o homem o poder de fazer dela mulher, tornando-se assim, escrava do comportamento do homem e eternamente insatisfeita consigo e com os outros. É como se a mulher dissesse: Faz de mim mulher pelo teu desejo, pelo teu ardor. Dar-te-ei tudo de mim com a condição que tu fiques inteiramente comigo e que eu seja tudo para ti.
Não se trata contudo de integrar nada, como ouvimos frequentemente dizer, mas sim de conhecer profundamente as suas facetas e liberta-las das amarras das polaridades para que elas se unifiquem.
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