
Para muitas civilizações centradas na agricultura, a chuva equivalia ao poder criador com o sangue, o que justificava os muitos rituais de sacrifício de animais e mesmo de seres humanos, cujo objetivo era a fecundação da terra. Para nossos antepassados, eram os deuses que controlavam a quantidade de chuva, e as lágrimas eram frequentemente associados aos deuses da chuva, talvez uma consequência dos sacrifícios de crianças. Na Bolívia, em Tiahuanaco, tem um antigo monumento chamado “Porta do Sol”: um arco, sobre qual tem a figura do deus celeste com a cabeça cercada de raios do sol; da lança na sua mão ele projeta raios, enquanto dos seus olhos correm lágrimas que representam a chuva. "Lágrimas do céu" é um tema encontrado também no sudeste dos Estados Unidos, onde o culto do sol praticado por algumas tribos inclui um conjunto de emblemas, rituais e símbolos religiosos como conchas, esculturas em pedra, jarros de cerâmica e outros itens gravados com rostos com olhos chorando. A chuva combinada com trovões inspirou mitos e histórias impressionantes, temida como uma combinação celeste enviada pelos deuses para punir os pecados como mentira, incesto, roubo, maus-tratos de animais, desperdício de alimentos ou não honrar juramentos. Seca, fome e destruição de lavouras pelas enchentes ou granizo representavam a vingança dos deuses. Para os antigos hebreus a chuva era a benção divina como retribuição pela obediência humana às leis de Deus. No Gênesis menciona-se a separação das águas, o reservatório da chuva sendo o tesouro divino cujas chaves eram guardadas por Deus.
As secas eram vistas como punição pelos pecados da volúpia, cobiça, avareza, maldade, mentiras, roubos e pelas práticas pagãs. No Antigo Testamento, esta punição foi realizada em grande escala, Deus abriu as forças do céu para chover sobre os ímpios por quarenta dias e quarenta noites. Em um mito mexicano a Deusa Chalchihuitlicue, da “saia de jade”, foi responsável pelo Grande Dilúvio que destruiu o mundo na última era devido ao desequilíbrio humano. Porém ela decidiu salvar alguns escolhidos, construindo uma ponte que ligava o quarto mundo ao quinto para que pudessem passar e depois enviou chuvas torrenciais afogando todos os que tinham cometido atos de maldade e violência contra seus semelhantes ou os seres da natureza. Os povos que a honravam faziam procissões para seus templos, pedindo chuvas suficientes para fertilizar a terra, mas sem inundá-la. Uma reminiscência das antigas celebrações das Deusas astecas da chuva existe no México na comemoração da Virgem de Zapopan.

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