Na Rússia celebravam-se as Russalkas, espíritos femininos da água, cuja dança noturna proporcionava o crescimento e a maturação das plantas. Elas se apresentavam como lindas moças vestidas com roupagens de folhas verdes e serpentes nos cabelos, trazendo as chuvas para o campo. No final do verão elas se escondiam no fundo dos rios onde permaneciam até a primavera seguinte e recebiam oferendas de pão e sal. Com a cristianização, as Russalkas foram sincretizadas com a Virgem Maria resultando assim a figura de Mari-Russalka, protetora das águas e dos salgueiros.
Na Romênia, nos períodos de seca, as moças das aldeias se cobriam com folhas e galhos verdes e dançavam nas ruas pedindo chuva, enquanto a multidão jogava sobre elas baldes com água e recitava orações para os espíritos das águas. Na Índia, monges budistas atraem a chuva vertendo água em pequenos orifícios feitos no chão dos templos; as mulheres amarram um sapo a uma peneira giratória, cantam pedindo chuva e despejam água sobre o sapo. A crença no poder da serpente trazer a chuva é revelada pelos dois grandes festivais hindus na estação chuvosa, quando imagens de serpentes são banhadas e orações de gratidão entoadas. Vários animais são vistos como guardiões ou totens das divindades da chuva como sapos, serpentes, répteis. Em certos lugares, determinadas pedras eram honradas como intermediárias para pedir a chuva ao serem imploradas, molhadas ou submersas. Se a chuva fosse forte demais, elas eram colocadas perto do fogo para secarem. O comportamento de diversos animais podia indicar a chuva: gritos de pássaros, procissão de formigas, voo baixo de corvos, gansos, andorinhas, vagalumes, enquanto o agravamento de certas dores ou doenças humanas também servia como alerta.Atualmente a chuva perdeu seu simbolismo e significado sagrado e religioso. Para muitos de nós, ela tornou-se um inconveniente e uma preocupação em relação às nossas atividades corriqueiras, sem a respeitarmos como uma força divina. Não nos preocupamos com as consequências de muita ou pouca chuva, a não ser que se tornem manchetes de jornais ou noticiários repetidos até exaustão pela TV. Mesmo assim, depois de passar o impacto da destruição causada pelas enchentes, deslizamentos de terra ou a perda das colheitas devidas à seca, voltamos para o nosso ritmo cotidiano e reclamamos quando aumentam os preços de legumes ou de frutas.
Nesta época, quando a Mãe Natureza nos alerta sobre os nossos erros ao agredir, poluir e explorar os recursos da terra até a sua exaustão, não percebemos que os sinais que chegam a nós, as “lágrimas do céu”, são verdadeiras mensagens, para evitarmos perpetuar os mesmos comportamentos de cobiça, violência e devastação. Somente com uma mudança radical de valores e atitudes, no nível individual, coletivo e global ,poderemos evitar que novas catástrofes naturais nos mostrem o quanto erramos e abusamos da complacência das divindades perante nossa falta de responsabilidade em relação ao Todo.
Mirella Faur
Na Romênia, nos períodos de seca, as moças das aldeias se cobriam com folhas e galhos verdes e dançavam nas ruas pedindo chuva, enquanto a multidão jogava sobre elas baldes com água e recitava orações para os espíritos das águas. Na Índia, monges budistas atraem a chuva vertendo água em pequenos orifícios feitos no chão dos templos; as mulheres amarram um sapo a uma peneira giratória, cantam pedindo chuva e despejam água sobre o sapo. A crença no poder da serpente trazer a chuva é revelada pelos dois grandes festivais hindus na estação chuvosa, quando imagens de serpentes são banhadas e orações de gratidão entoadas. Vários animais são vistos como guardiões ou totens das divindades da chuva como sapos, serpentes, répteis. Em certos lugares, determinadas pedras eram honradas como intermediárias para pedir a chuva ao serem imploradas, molhadas ou submersas. Se a chuva fosse forte demais, elas eram colocadas perto do fogo para secarem. O comportamento de diversos animais podia indicar a chuva: gritos de pássaros, procissão de formigas, voo baixo de corvos, gansos, andorinhas, vagalumes, enquanto o agravamento de certas dores ou doenças humanas também servia como alerta.Atualmente a chuva perdeu seu simbolismo e significado sagrado e religioso. Para muitos de nós, ela tornou-se um inconveniente e uma preocupação em relação às nossas atividades corriqueiras, sem a respeitarmos como uma força divina. Não nos preocupamos com as consequências de muita ou pouca chuva, a não ser que se tornem manchetes de jornais ou noticiários repetidos até exaustão pela TV. Mesmo assim, depois de passar o impacto da destruição causada pelas enchentes, deslizamentos de terra ou a perda das colheitas devidas à seca, voltamos para o nosso ritmo cotidiano e reclamamos quando aumentam os preços de legumes ou de frutas.
Nesta época, quando a Mãe Natureza nos alerta sobre os nossos erros ao agredir, poluir e explorar os recursos da terra até a sua exaustão, não percebemos que os sinais que chegam a nós, as “lágrimas do céu”, são verdadeiras mensagens, para evitarmos perpetuar os mesmos comportamentos de cobiça, violência e devastação. Somente com uma mudança radical de valores e atitudes, no nível individual, coletivo e global ,poderemos evitar que novas catástrofes naturais nos mostrem o quanto erramos e abusamos da complacência das divindades perante nossa falta de responsabilidade em relação ao Todo.
Mirella Faur
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