Tarot~~Espelho da Alma~~

ESPELHO DA ALMA*LINGUAGEM DA LUZ

segunda-feira, 15 de outubro de 2012


"GOSTO DAS MULHERES QUE ENVELHECEM"

De METAMORFOSE


Recebi de uma amiga um poema que achei fantástico. Gostei mais ainda porque o autor é um homem, o poeta Nuno Júdice. Este poema me chamou bastante atenção porque estou sendo regida pela Deusa irlandesa Sheela Na Gig.

É o seguinte, costumo tirar uma carta do Oráculo da Deusa, de Amy Sophia Marashinsky, em todo sabbat e esbat, isto é, em todos os festivais da Roda do Ano e em todas as luas cheias.

Tiro este oráculo tendo em mente a Deusa que me regerá pelo período, quais energias estarei vivenciando, qual Deusa estará me orientando. Isto me faz sempre ir buscar mais informações sobre a Deusa em questão, o que me ajuda a me conectar mais ainda com ela. É diferente de seguir a interpretação da autora do livro, isto costumo fazer quando recorro ao oráculo para fazer uma pergunta específica.

Bom, tirei Sheela Na Gig no sabbat de Luhgnnasdh, no último dia 2. Ela é uma Deusa Anciã, Deusa da vida e da morte, da fertilidade e da sexualidade. Era retratada como uma mulher velha, esquelética, com os seios caídos, cabelos brancos, representando o aspecto da morte, ao mesmo tempo que abria sua vulva enorme, representação do portal da vida.

Os Celtas reverenciavam o poder sagrado dos órgãos genitais femininos e, esta representação da Deusa servia também como proteção.

Mais tarde a Igreja Católica e o patriarcado transformaram esta representação da Deusa em símbolo do “demônio”. Mais uma vez um exemplo do massacre ao poder sexual feminino tão bem expresso na figura de Sheela Na Gig, que mesmo com uma aparência decrepita triunfa com a sua sexualidade exposta, viva e alegre.

Sheela Na Gig ensina que o medo da velhice é o medo da vida, o medo do ciclo natural de vida e morte. Ela mostra que há poder na velhice, que há glória na velhice e principalmente, que há autenticidade na velhice.

Divido então com vocês este poema de Nuno Júdice.

Gosto das mulheres que envelhecem

Gosto das
mulheres que envelhecem,
com a pressa das suas rugas, os cabelos
caídos pelos ombros negros do vestido,
o olhar que se perde na tristeza
dos reposteiros. Essas mulheres sentam-se
nos cantos das salas, olham para fora,
para o átrio que não vejo, de onde estou,
embora adivinhe aí a presença de
outras mulheres, sentadas em bancos
de madeira, folheando revistas
baratas. As mulheres que envelhecem

sentem que as olho, que admiro os seus gestos

lentos, que amo o trabalho subterrâneo
do tempo nos seus seios. Por isso esperam
que o dia corra nesta sala sem luz,
evitam sair para a rua, e dizem baixo,
por vezes, essa elegia que só os seus lábios
podem cantar.

Nuno Júdice

Nenhum comentário:

Postar um comentário