ARCANO UM - O MAGO
Título -.O saltimbanco, o aprendiz, o magista;
Insígnias -.Espada, bastão, taça (ou copo), moedas;
Número - um (1) - Letra: ה Aleph (alfa);
Descrição: um homem, diante de uma mesa na qual há quatro objetos, chamados "os brinquedos da criança";
Posição -de pé, um braço erguido e outro abaixado.
Divisão - Acima: um tridente, um par de olhos, um falcão, uma constelação;
Abaixo: um cubo escondido sob a terra;
Objetivo - Controlar as forças que estão acima dele ao mesmo tempo em que procura apontar ou direcionar as que estão abaixo dele.
Obstáculo oferecido pelo portal :
Quanto à inteligência - Falta de escrúpulos, intrigas, exploração ou manipulação dos outros, discussão estéril, disputa vazia;
Quanto à vontade - Vacilação espiritual, indecisão, dificuldade de cumprir uma determinação, tendência de obedecer ao impulso (agir sem pensar);
Um conselho - Modificar a personalidade, penetrar nas realidades mais altas;
Uma promessa - Evolução, progressão, caso a ação seja bem dirigida;
Uma recomendação -.Trabalhar, agir, ter fé em si mesmo, raciocinar.
Comentário I
Está é a primeira carta da coluna de ouros, ou do caminho de Osíris.
Na esmagadora maioria dos baralhos é apresentado nesta lâmina o aprendiz. Embora o título comum dado à mesma seja "O Mago", a figura e a Tradição nos mostram que um título mas acertado seria "O Aprendiz". Fácil ver quando notamos que o iniciado está diante de uma mesa, havendo algumas variações, onde há alguns objetos. Quatro deles são imprescindíveis à figura: bastão, taça/copo, lâmina e moedas (paus, copas, espadas e ouros). Nosso jovem amigo está de pé, posição que cansa com o decorrer do tempo. Mostra desconhecer o significado mais profundo dos quatro símbolos da magia que se encontram ao seu dispor. Um mago de verdade apresentar-se-ia em feições mais sábias, em posição confortável e manipulando os objetos sem parecer que está brincando com eles, pois é isso que o aprendiz faz, brinca e os arruma.
Estes objetos mágicos representam os quatro elementos que a tudo compõe, também referidos como: ar, água, fogo e terra. Aqui somos apresentados aos mesmos e saberemos como arrumá-los. Aquele que souber dispor dessas ferramentas, será um manipulador da realidade, será um mago. A mesa é o plano o qual dominamos, a mesa da sua realidade.
Neste Arcano o jovem aprendiz inicia seus estudos acerca do Grande Agente Mágico.
Uma grande lição nos é passada ao analisarmos o caráter brincalhão do mágico ou ilusionista com seus diversos truques "mágicos". À medida que ele executa suas demonstrações, escondendo e fazendo reaparecer objetos, transformando uma moeda numa pomba ou coisa semelhante, evidencia o número que o acompanha, o UM. Mostra de maneira brincalhona que tudo vem de uma só realidade, na qual não existe divisão. O que é água pode tornar-se fogo e vice-versa. A realidade depende do ponto de vista e da habilidade de conduzir a mesma. A felicidade depende da sua capacidade de entender os fatos e transformar água em vinho. O mago transforma a realidade em que vivemos diante de nossas vistas sem sequer percebermos como foi feito. O autor deste grande livro que é o tarot, Hermes, nos deixa com a seguinte frase: "Todas as coisas saem deste Um, pela meditação (ou mediação) do Um, e todas as coisas têm sua origem neste Um". Ele ainda diz: "O que está em cima é como o que está em baixo, e o que está em baixo é como o que está em cima", reforçado por alguns tarot's pela posição figurada pela personagem central, similar à letra hebraica Aleph (à), ligando o céu e a terra.
Vejamos o caráter importante que é dado aqui à mão. Ela é usada para manipular os objetos da mesa. "A mão é mais rápida do que os olhos", aqui, até mesmo mais rápida que o pensamento. A ação neste arcano é deveras importante, pois ação é movimento e vida. Temos que saber caminhar na vida para não sermos simplesmente arrastados pela mesma. Devemos agir, não reagir; mostrarmo-nos presentes e ativos. Para isso é sobremaneira importante conhecer profundamente suas capacidades. Comece pelos seus sentidos. Veja como percebes o mundo por eles. Será que os utilizamos com todo seu potencial? Medite profundamente sobre seus sentidos e separe uma parte do início dos seus estudos para, durante alguns minutos, dedicar-se ao tato, paladar, audição, visão e olfato. Perceba-os meticulosamente.
"Conheça a ti mesmo", Se és a "imagem e semelhança de Deus", como conhecer Deus sem antes te conheceres? Sendo este o primeiro nível de nosso estudo, tratemos de conhecer-nos no primeiro nível: o físico. Estude sua biologia, conheça seu corpo, seus sistemas e órgãos. Saiba do que seu corpo é ou não capaz, pois precisarás de um corpo saudável para ser um estudante de magia e para estabelecer seus limites. Um corpo saudável permitirá uma análise profunda da alma, sem interferência de desequilíbrios, passageiros ou não, provenientes do físico.
A lemniscata, aquele oito deitado, muitas vezes representado por um chapéu de abas largas e onduladas, é o símbolo do infinito. Mostra o que está acima do mago, uma porta na qual deve penetrar para merecer o título que lhe foi dado. Próximo ao nosso órgão diretor, o cérebro, evidencia a ligação que os pensamentos do mago deverão ter para transmutar a sua realidade e a que lhe circunda. Estabelecida esta ligação, não haverá barreiras no caminho a ser trilhado. Esta é a fonte única de tudo, a realidade superior que mostra seu reflexo em nosso mundo. Interessante notar que a lemniscata parece um gigantesco óculos ou olhos ,como no tarot egípcio, que nos permite ter ampla visão da realidade.
O bastão, símbolo do pensamento, que se manifesta por ação em realidades superiores(a intuição), é mostrado em vários desenhos da lâmina um, empunhado pelo mago, significando a consciência e controle que este deve exercer sobre este símbolo mágico. Lembremo-nos, estudantes, que este é o ideal, o objetivo fim ao qual perseguimos. Temos que trabalhar muito para chegarmos a esse ponto, mas é importante frisar que não há fórmula mágica para isto, apenas acontece quando estamos preparados, como um dom. Esta é a garantia do controle do grande agente mágico. Por isso é tão evidenciada a necessidade do autoconhecimento.
Vejamos o verdadeiro significado do mito sobre os alquimistas, citado como transformar chumbo em ouro. A verdadeira alquimia é a alquimia interior, a transformação interna que se opera em cada um de nós. Isto só é possível ser feito por "nosso eu interior", nossa consciência interna ou subconsciente, quando buscamos o contato com ele. Só esta inteligência é que nos mostrará o verdadeiro caráter da luz, tanto interna quanto externa, mostrando assim a profunda ligação entre nós e a verdadeira essência, uma vez que tudo tem uma só origem.
Citando Sallie Nichols: “encaramos a criação como um acontecimento contínuo - eterno diálogo, por assim dizer, entre o nosso pequeno mágico e Deus, o Grande Mago". Isto posto, fica claro que nosso trabalho é fazer este diálogo acontecer, lapidando nosso consciente para que este permita ao inconsciente se aflorar e sair do envoltório de trevas a que o submetemos.”
Alguns baralhos tentam mostrar-nos as potencialidades que temos, as capacidades latentes do ser humano. Em algumas lâminas aparece a figura que justifica o nome da carta como “o mago”, a que está do outro lado da mesa ensinando nosso aprendiz. Geralmente este e representado de pé, enquanto aquele é representado por um sábio sentado dispondo dos objetos mágicos.
Os escultores mais modestos dão um grande exemplo ao falar-nos que suas esculturas já estavam na pedra, ou similar, eles apenas separando-as do envoltório que as escondia. Assim são nossas capacidades superiores, temos que desnudá-las da capa com que a recobrimos. Vejamos que a maneira que nos postamos diante do inconsciente é a maneira que ele assumirá ante nós: se o ignoramos, ele se vê impedido de aproximação; se o buscamos, ele nos estende a mão.
O contato com este ser interno, que denominamos inconsciente, é fundamental para acessar as capacidades interiores, uma vez que aquele ser existente em cada um de nós é que dispõe do contato com a essência criadora à qual chamamos de Deus. Tudo em Deus é indistinto. O "pensamento" deste ser é que a tudo forma.
Eliphas Levi diz: "Há um princípio, há uma verdade, há uma razão, há uma filosofia absoluta e universal".
Sendo nós a imagem e semelhança de Deus, o chamado microcosmo ou homem é a representação em pequena escala do universo. Conhecer-se é entender o universo. Não podemos imaginar um ser de infinito poder sem o domínio total de seus pensamentos, pois tudo aquilo em que pensa se manifestaria, logo é necessário um controle total sobre o pensar. Por isso o mago deve controlar o seu também, pois o poder sem esse controle pode virar maldição. Inteligência e vontade são os primeiros segredos dos atos mágicos.
Ação e existência estão em profunda ligação. Podemos nos modificar pelos pequenos hábitos do dia-a-dia, mudarmos nossas atitudes. Podemos assim aprender a querer, querer do modo que a tradição nos passa quando afirma que "querer é poder". Os milagres são aplicações de forças que ainda desconhecemos, à medida que aumentamos nossos conhecimentos os milagres podem ser realizados por nós mesmos.
Quando escolhemos o caminho desta ciência universal, é necessária persistência, estudo, vontade, perseverança e trabalho. Nossos pensamentos deverão estar voltados para este fim, vivendo esta experiência sem desligar-se do físico, sem desligar-se da realidade material, mas sem deixar-se dominar por ela. Mostrar que pode ser senhor de você mesmo em todos os sentidos é mostrar que tem condições para dominar e manipular o Grande Agente Mágico, ou energia formadora das realidades.
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