A Mandala e a Palavra: HARMONIA
Harmonia
A ressonância de um coração batendo em prol do outro.
O amor sendo entendido nas suas facetas mais sublimes e ordinárias.
A sensação transcendente de amar aquele ser antes de tê-lo visto pela primeira vez.
A razão de encontrar o Deus em todas as coisas.
O silêncio do debaixo d’água.
A poesia discreta da construção de uma teia de aranha e a canção suave de um único rouxinol adorando a chuva.
O bailar sereno das nuvens que entrelaçam sombra e luz; o imperceptível, mas real espaço entre sombra e luz.
A sutil luminosidade dos vaga-lumes em contraste com as noites de completa escuridão.
O Ser humano gerando outro ser humano no seu ventre, nas suas vísceras e no seu coração.
O parir desenfreado, doloroso e admirável da criação.
A infância de cirandas e pureza, árdua e sem destreza dos grandes pequeninos.
O adulto firme e opaco, como árvores do sertão, por vezes fazendo travessuras, pinturas e doçuras, por outras, mistério e contemplação.
O ancião costurando as suas veias furadas e o seu coração retalhado, cozendo um bordado da sua existência e preparando-se para voltar à gestação.
As vozes das cantoras graves e grávidas destoando o ar.
Os corpos das intérpretes intrépidas nos palcos frios de público quente.
A lágrima adocicada do palhaço contente.
A melodia primordial que dá vida aos outros cantos e que só o compositor tem ouvidos para ouvi-la.
O barro bruto na matéria e a obra prima etérea do escultor desabrido.
A passagem do atemporal e o invisível que há entre as coisas.
A pirâmide da unidade e a completa doação da amizade.
Os sonhos puros dos deuses e as suas terríveis premonições, mas que a beleza dos seus sentimentos ainda é capaz de sonhar; e que por vezes, são colocados nos corações dos homens.
As harpas e tambores dos anjos na mesma canção de ninar e embalar.
O incandescente nascer dos raios e o grito trêmulo dos trovões na mesma tempestade.
O amarelo alaranjado do sol que nossos olhos não podem ver, mas que a alma pode sentir.
E os tons de verdes da floresta mãe, que jorra oxigênio para todos prosseguir.
O indígena e o oriental nos ensinando o milagre primordial.
Tudo aqui, em perfeita sincronia. Em sublime e pungente harmonia.
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