O Louco à luz de um poema de Cecília Meirelles
Nasce da sombra o dançarino,
de um ovo de seda e mistério.
E seu perfil é transparente,
e sua carne é a de um inseto.
Eu o amo como às borboletas,
à asa das libélulas - e erro
no seu mundo sem solo, reino,
que se vai tornando sidéreo.
Suas tênues mãos nada tocam,
e olha entre verdes águas, cego.
Cada posição de seu corpo
é um símbolo instantâneo e hermético.
Toma nos lábios o silêncio
e é um peixe bebendo o mar, quieto.
Gira, e súbito se divide,
como espelho que cai de um prego.
RETRATO NATURAL (1949), por Cecília Meireles.
THE FOOL - Aleister Crowley Thoth Tarot, por Frieda Harris.
Nenhum comentário:
Postar um comentário