PROTETORES DO DARMA: Dorje Shugden, Kalarupa e Mahakala. Protetor do Darma é uma emanação de um Buda ou Bodissatva. Suas principais funções são evitar os obstáculos interiores e exteriores que impossibilitam as realizações espirituais dos praticantes e prover todas as condições necessárias à prática do Darma. No Tibete, cada monastério tinha seu próprio Protetor, mas a tradição não começou lá. Os mahayanistas da antiga Índia também recorriam aos Protetores do Darma para eliminar impedimentos e satisfazer seus desejos espirituais.
Algumas deidades mundanas são simpáticas ao budismo e ajudam os praticantes, mas elas não são autênticos Protetores do Darma. Essas deidades são capazes de aumentar as riquezas dos praticantes e ajudá-los a obter sucesso em atividades materiais, mas não têm sabedoria nem o poder para proteger o desenvolvimento do Darma em suas mentes.
Esse Darma interior - as experiências de grande compaixão ou bodichita ou a sabedoria que realiza a vacuidade - é o que importa e deve ser protegido. Condições exteriores são de importância secundária.
Embora possam ter boa motivação, deidades mundanas não têm sabedoria e, por isso, a ajuda exterior que prestam, na realidade, pode atrapalhar a aquisição de autênticas realizações. Se tais deidades não possuem elas próprias realizações de Darma, como poderiam ser Protetores do Darma?
É claro que os verdadeiros Protetores do Darma tem que ser emanações de Budas ou Bodissatvas. Tais Protetores possuem grande poder para proteger o budadarma e seus praticantes. Entretanto, a extensão da ajuda que receberemos depende da fé e convicção que temos neles. Para receber proteção plena, precisamos confiar nos Protetores com uma devoção contínua e inabalável.
Os Budas manifestam-se sob a forma de diversos Protetores do Darma, tais como Mahakala, Kalarupa, Kalindewi e Dorje Shugden. O principal Protetor da linhagem de Je Tsongkhapa, desde quando ele estava vivo até a época do I Panchen Lama, Losang Chökyi Gyaltsen, foi Kalarupa. Mais tarde, contudo, diversos lamas acharam que Dorje Shugden se tornara o principal Protetor do Darma dessa tradição.
A compaixão, sabedoria e poder dos diversos Protetores do Darma não diferem, mas, conforme a época e o carma dos seres, um Protetor ou outro terá mais chance de ajudar os praticantes.
Para entender melhor esse ponto podemos pensar no exemplo de Buda Shakyamuni. Antigamente, os seres deste mundo tinham carma para ver o corpo-emanação supremo de Buda Shakyamuni e receber ensinamentos diretamente dele.
Hoje em dia, não temos mais esse carma e, por isso, os Budas aparecem-nos como um Guia Espiritual e ajudam-nos por meio de ensinamentos e orientações nos caminhos espirituais. Vemos, assim, que Buda nos ajuda de acordo com nosso carma instável, mas que a essência desse auxílio permanece sempre a mesma.
Entre os Protetores do Darma, Mahakala de quatro faces, Kalarupa e Dorje Shugden possuem a mesma natureza, pois os três são emanações de Manjushri.
Contudo, os seres da época atual têm uma conexão cármica mais forte com Dorje Shugden. Foi por isso que Morchen Dorjechang Kunga Lhundrup, um mestre altamente realizado da tradição Sakya, disse a seus discípulos: "Agora é a hora de confiar em Dorje Shugden". Repetiu esse conselho em diversas ocasiões para encorajar os discípulos a gerarem fé na prática de Dorje Shugden.
Nós também devemos acatar essa orientação e segui-la sinceramente.
As palavras de Morchen Dorjechang Kunga Lhundrup foram muito claras - ele não disse que é hora de confiar em nenhum outro Protetor, mas afirmou categoricamente que é hora de confiar em Dorje Shugden. Muitos lamas importantes e diversos monastérios da tradição Sakya têm confiado sinceramente em Dorje Shugden.
Mais recentemente, o maior divulgador da prática de Dorje Shugden foi o falecido Trijang Dorjechang - Guru raiz de muitos praticantes gelugpas, desde humildes noviços até elevados lamas. Ele encorajou todos os seus discípulos a confiarem em Dorje Shugden e concedeu diversas iniciações desse Protetor.
Quando já tinha uma idade avançada, escreveu um longo texto para impedir que a prática de Dorje Shugden se degenerasse. O texto, intitulado Sinfonia que deleita um oceano de Conquistadores, é um comentário à prece de louvor a Dorje Shugden, Éons Infinitos, escrita por Tagpo Kelsang Khedrub Rinpoche.
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